Tudo que está em baixo da terra, no escuro, com crescimento para dentro (geotropismo positivo), que sustenta e procura os nutrientes, que persegue a água. Aquilo que é o primeiro a surgir na planta em forma de radícula, a base que permite o surgimento do resto. A origem, o início e o fim. Aquilo que se ramifica e conecta com outros no subsolo, longe da luz. Aquilo que quando externamente parece não haver mais nada, é quem volta a fazer ressurgir a vida. Aquilo que mantem latente a primavera no mais rigoroso dos invernos gelados. Essa é a energia do Movimento Água.
São as raízes que tonificam o Shen (Rins) tanto na forma de alimento como de componentes das fórmulas fitoterápicas chinesas. Prefira estas raízes para uso freqüente na sua alimentação visando manter o Shen (Rins) com uma boa energia: bardana, cenoura, nabo, beterraba, rabanete, raiz forte, wasabi, mandioca e batata doce.
É preciso diferenciar dentre as partes comestíveis das plantas que se encontram dentro da terra quais são realmente raízes e quais são caules modificados pois a energia delas será diferente.
TUBÉRCULOS
Os tubérculos não são raízes, mas caules subterrâneos modificados, que apresentam botões germinativos ou gemas. Acumulam reservas de energia em forma de amido e inulina. Tem função no Shen (Rins) mas principalmente no Pi (Baço/Pâncreas) do Movimento Terra.
Os exemplos mais conhecidos são a 🔸Batata inglesa (Solanum tuberosum) e os vários tipos de 🔸Cará (Dioscoreas).
Nas fórmulas magistrais chinesas para tonificar o Shen (Rins) como a famosa Liu Wei Di Huang Wan uma das 6 ervas que a compõe é justamente Shan Yao (Rhizoma Dioscoreae Oppositae) que provem dos tubérculos de plantas da família Dioscoreaceae, conhecidos como yam chineses. O Shan Yao atua no Pi (Baço/Pâncreas), Fei (Pulmão) e Shen (Rins). Das 6 ervas desta milenar fórmula da fitoterapia chinesa, somente uma não é raiz/tubérculo.
BULBOS
Outra confusão comum quando se fala de raízes são os bulbos, que na verdade são caule e folhas modificadas. As raízes propriamente ditas são os “pelinhos” que nascem na base e que não se comem.
Os mais conhecidos bulbos comestíveis são 🔸Cebola (Allium cepa) e 🔸Alho (Allium sativum), onde cada dente é um bulbo completo. As folhas cilíndricas dos bulbos conseguem um maior aproveitamento da luz por todos os lados e com isso conseguem uma área de fotossíntese enorme, aumentando a produção de energia que se acumula no bulbo o que permite a estas plantas sobreviverem ao gelo (tulipas) ou ao fogo (planta do cerrado).
A 🔸Erva-doce (Pimpinella anisum) é um bulbo comestível com funções no Wei (estômago) , Pi (Baço-Pancreas) e Fei (Pulmão), da qual são também usadas as sementes, folhas e raízes. O chá da raiz da erva-doce tem potentes efeitos diurético e estimula o Shen (Rins)
RIZOMA
O 3o tipo de caule subterrâneo é o rizoma que cresce horizontalmente fixando e propagando a planta. Não possui clorofila e apresenta gemas de brotação e nós onde nascem raízes adventicias.
Os mais conhecidos são 🔸 Gengibre (Zingiber Officinale) com sabor picante e ação potente no Fei (Pulmão) e Wei (Estômago) e o 🔸Açafrão-da-terra (Cúrcuma longa) com sua intensa cor amarela e ação no Movimento Terra e Metal.
O Renkon ou raiz de lótus 🔸Lótus (Nelumbo nucifera) não é propriamente uma raiz, mas um rizoma aquático. Tem excelentes efeitos para eliminar secreções e mucosidades no sistema respiratório e intestinal, Movimento Metal, Fei/Pulmão. Pode ser consumida crua em suco ou como chá da planta fresca ou desidratada.
CORMO
Cormo é a designação dada em botânica ao órgão subterrâneo de armazenamento de algumas plantas, composto de uma haste vertical, engrossada por tecidos de reserva, no topo da qual uma gema produz raízes e brotos. É semelhante em função e estrutura ao rizoma. No inverno muitas plantas perdem suas folhas completamente e somente permanece o corpo, que irá brotar no ano seguinte após o inverno e garantir a sobrevivência da planta na estação fria. Muitas classificações simplesmente ignoram este nome e colocam com rizomas.
O 🔸 Inhame/Taro (Colocasia esculenta) gera bastante confusão pela diversidade de nomes e a confusão das denominações regionais entre inhame, taro e cará. Prefira a denominação de Taro, mais mundial. É uma das primeiras plantas cultivadas no planeta. A planta desenvolve-se melhor em lugares húmidos de solos lodosos, sendo comum a sua cultura nas margens de cursos de água e em locais inundáveis. Suporta bem o ensombramento. Todas caraterísticas do Movimento Água, para o qual cumpre uma boa função energética, principalmente na fertilidade e funções sexuais e reprodutivas. Mas além do Shen(Rins), apresenta importantes funções na imunidade e no Movimento Metal.
(não é recomendado o consumo do taro para pessoas com gota, artrite ou cálculo renal, eu sempre recomendo na forma cozida e evitar de comer cru por causa do oxalato de cálcio)
Os tubérculos, bulbos e rizomas apresentam menos qualidade de energia do Movimento Água do que as raízes propriamente ditas e geralmente misturam energias de outros Movimentos junto, como Terra e Metal mais frequentemente.
RAÍZES TUBEROSAS
🔸Batata doce (Ipoema batatas) e 🔸Mandioca (Manihot esculenta) são raízes propriamente ditas, classificadas como raízes tuberosas pois se desenvolvem muito pelo acúmulo de nutrientes em forma de reserva energética principalmente de amidos. Totalmente diferentes da batata inglesa que como vimos anteriormente é um tubérculo derivado do caule. Para a tonificação do Shen (Rins) a preferência é sempre das raízes em relação aos caules modificados.
As mais consumidas raízes, cheias de nutrientes são a 🔸Cenoura (Daucus carota), 🔸Beterraba (Beta vulgaris), 🔸Nabo (Brassica rapa), 🔸Rabanete (Raphanus sativus).
De origem europeia e de uso muito comum na idade media a 🔸Raiz forte (Amoracia rusticana) cultivada na terra é confundida com outra raiz de origem oriental mais rara e de difícil cultivo em lagos de água fria, o 🔸 Wasabi (Eutrema wasabi), ambas com efeitos desintoxicantes quando consumidas frescas raladas na hora.
Outra importante raiz utilizada desde a antiguidade tanto na Europa como no Oriente é a 🔸Bardana (Arctium lappa) que cresce verticalmente em barrancos atingindo grandes profundidades. É conhecida sua ação na função renal, promovendo a diurese e ajudando nos cálculos renais.
RESUMO
Ninesh 2023 - Todos os direitos reservados